quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

As cores e as palavras

Era uma vez, uma menina muito bonita. O seu nome era Joana. Uma menina admirada por todas as pessoas da aldeia, principalmente pelo seu belo tocar de piano.
Ao fim dos dias, Joana ia sempre à praia, reparar no mar azulado, como o céu da manhã e o reflexo do sol alaranjado, porque o Sol, não era como de dia, quando era amarelo da cor das margaridas, e da cor das estrelas à noite, quando já não aparecia… Só a lua.
Ao anoitecer, Joana, andando pela para casa, ouvia o canto dos grilos. Quando se aproximava deles, eles libertavam um som mais baixo e, quando se afastava, o som era mais alto, como se fosse uma música que sempre tocara no piano, quando era criança…
Sempre que chegava a casa, a mãe dizia a cantar:
- Mais um dia longo, mais um dia cumprido, mais um dia feliz, mais um dia colorido…
Nunca tinha entendido porque o diria. Mas parecia que ela, em vez de o dizer, falava pelos seus olhos verdes que pareciam ter sido criados por esmeraldas brilhantes e muito raras… Porque aquele verde-esmeralda, que a sua mãe tinha, era diferente e único, como as palavras que dizia repetidamente.
Era sempre a mesma rotina. Todos os dias. Acordava, ia para a escola, chegava da escola, ia para as aulas de piano, chegava a casa, jantava e ia deitar-se, sempre às 9:00h. Mas sempre que ia para a cama, antes de se deitar dirigia-se para a janela, onde ficava a olhar para o lindo céu. “Preto ou Azul-escuro?! Um dia, irei ao espaço para descobrir…”. Pensava.
O seu quarto era todo colorido. Cada cor tinha um significado: azul, a cor alegre; amarelo, a cor tímida; verde, a cor do desespero; vermelho, a cor do amor; rosa, a cor da amizade… 
Todos os dias pensava “Como será amanhã?”. Será que vou poder ver o pôr-do-sol de novo? Será que os grilos irão cantar? Será que amanhã as estrelas do céu já não vão aparecer? “Quando se tem uma coisa, tem de se aproveitar enquanto se tem porque quando ela for embora, já não a podemos ter de volta…” Pelo menos foi o que o seu pai lhe disse antes de partir para um lugar onde nunca mais o poderia voltar a ver…

Bárbara Luís Marques, 7º ano

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

O primeiro desafio lançado: as CORES.
Hoje podia pintar-me de castanho acinzentado. Podia ir para o meu meio e fazer confundir as minhas mãos com um tronco de um carvalho. Seria de novo invisível para todos os outros, qual criatura escondida dentro de uma toca ou num ninho feito num tronco de árvore.
            Desejo ardentemente livrar-me daquilo que em mim é amarelo vivo e verde garrido. Quero livrar-me do bicho venenoso que aqui habita. Quero voltar a ser aquele bicho camuflado que era no momento em que nasci, voltar a ser castanha e cinzenta, ou verde escura como as folhas das árvores.
            Quando nasci, escapava facilmente aos predadores. Sempre que eles se aproximavam, encostava-me calmamente ao meu carvalho-porto-de-abrigo e nenhum me tocava. Era livre.
            Houve, porém, um dia em que fiz nascer em mim a minha primeira pinta amarela. Julgava que seria ainda mais livre ao fazê-lo. Então, continuei a fazer surgir em mim mais pintas, todas amarelas e verdes. Continuava a pensar que era cada vez mais livre.
             Até que um predador me viu! Tive de correr, escavar, trepar para escapar. Era tão visível como uma salamandra de fogo! Havia sido enganada pelo meu próprio orgulho! Não me tinha libertado, tinha-me antes amarrado a mim própria e já não me conseguia soltar!
             Hoje, estou aqui, a sonhar com castanhos e cinzentos. Quero libertar-me de mim mesma e voltar a encontrar o meu carvalho predileto, onde me sentia protegida. Ele também me quer proteger. Não consegue porque eu fugi do seu abrigo ao fazer surgir em mim estes amarelos.
             Resta-me ficar aqui, enquanto outro predador não me encontra, a desejar esconder as minhas pintas com castanho acinzentado.
Vera Prazeres, 12ºC
     Vermelho e amarelo são o perigo. O preto a dor e o luto. O branco a paz. O verde a esperança. Mas, e eu? Eu estou sem cor. Não a preto e branco, mas literalmente sem cor. E com "sem cor" quero dizer sei lá... Não sei.... Talvez...
     "Sem cor" como se estivesse no modo pausa ou até no mute, no entanto, o resto do mundo continuaria a girar e as pessoas num frenesim quase inacreditável. Porém, eu seria uma árvore e a única coisa que fazia era ver a vida a passar por mim.
     Sim, é isso. Sinto-me sem cor ao ponto de ver a vida a escapar-se-me por entre os dedos tal como as folhas das árvores no outono.
     Carreguei no play. Começo agora a movimentar-me, mais devagar que os outros, como se estivesse a aprender a andar outra vez e ao longe começo a ver algo diferente. Deparei-me com algo pouco habitual e ao fundo conseguia ver o que há muito tinha deixado de ver. Comecei a ver cor. Ao início, tão leves e tão claras que quase não as conseguia distinguir, mas quanto mais me mexia mais cores apareciam e cada vez mais fortes. Portanto vou apenas correr, correr até não poder mais, porque comecei a viver e as cores começaram a aumentar e tudo o que quero é ver até onde este quadro me pode levar.

Eunice Rodrigues, 11ºC